quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Nove auditores do Ministério do Trabalho se demitem após ministro proteger JBS de “lista suja”

 

Nove auditores do Ministério do Trabalho se demitem após ministro proteger JBS de “lista suja”

 Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Pelo menos nove auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) deixaram seus cargos em protesto contra a decisão do ministro Luiz Marinho de rever uma investigação que poderia colocar a JBS Aves, do grupo J&F, na “lista suja” de empregadores que submetem trabalhadores a condições análogas à escravidão.

O anúncio das demissões foi feito em 25 de setembro, durante reunião da Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae), conforme o Antagonista. Os auditores ocupavam cargos de coordenação regional no combate ao trabalho escravo.

Segundo a ONG Repórter Brasil, a ausência de um coordenador regional não impede as operações de resgate, mas atrasaria e prejudicaria o planejamento das ações da pasta.

O caso tem origem em dez trabalhadores resgatados em dezembro de 2024 em Arvorezinha (RS), que atuavam em uma empresa terceirizada carregando e descarregando cargas para a JBS Aves. Relatórios do Ministério apontaram turnos de até 16 horas e alojamentos sem acesso a água potável.

Em agosto de 2025, os fiscais concluíram que a JBS deveria ser responsabilizada por não fiscalizar a empresa terceirizada, o que poderia levar à inclusão da companhia na “lista suja” por dois anos, impactando sua reputação e limitando acesso a empréstimos em bancos.

Decisão do ministro causou “profunda estranheza e preocupação”

Com aval da Advocacia-Geral da União (AGU), o ministro Luiz Marinho decidiu rever a investigação, alegando que a inclusão da JBS Aves na lista teria “repercussão econômica e jurídica de ampla magnitude”, afetando o setor em nível nacional.

O presidente da Agitra (Associação Gaúcha dos Auditores Fiscais do Trabalho), Renato Barbedo Futuro, afirmou que a decisão causa “profunda estranheza e preocupação”.

Em nota, a JBS disse que rescindiu o contrato com a empresa terceirizada e que mantém “tolerância zero com violações de práticas trabalhistas e de direitos humanos”.

BG

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