Foto: Ton Molina/Bloomberg
A proposta de emenda constitucional (PEC) que acaba com a escala de trabalho 6×1 no Brasil foi alvo de críticas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante palestra no 12° Fórum Liberdade e Democracia de Vitória, organizado pelo Instituto Líderes do Amanhã nesta quinta-feira. Segundo ele, o projeto “é bastante prejudicial ao trabalhador, porque no final ele vai aumentar o custo do trabalho, aumentar a informalidade e diminuir a produtividade da economia”.
“Aumentando a obrigação dos empregadores, a gente não melhora o direito dos trabalhadores. A gente tem essa ilusão de curto prazo que se mostra contrária no médio e longo prazo”, afirmou Campos Neto, após afirmar que a reforma trabalhista do governo de Michel Temer melhorou a condição do mercado de trabalho por meio do aumento da flexibilização.
O presidente do BC destacou, ainda, que os economistas “têm errado bastante” nos últimos anos ao fazer projeções para a taxa de desemprego, que tem se provado mais resiliente em níveis baixos do que o esperado. A economia do Brasil também tem se mostrado forte, destacou Campos Neto.
Mesmo assim, com exceção aos Estados Unidos, a produtividade global não tem aumentado, o que dificulta ainda mais o problema de endividamento global, agravado desde a pandemia de covid-19, ressaltou Campos Neto. Segundo ele, o alto nível de dívida dos países retira liquidez do sistema financeiro global e não permite que os programas de transferências de renda sigam tão grandes como atualmente.
“Em algum momento, o efeito cumulativo disso vai acabar batendo na capacidade dos países mais pobres e das empresas com classificação de risco mais baixa de rolarem a sua dívida”, alertou Campos Neto.
Valor Econômico
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